O Mercado de Trabalho e as Interações Sociais

O Mercado de Trabalho e as Interações Sociais

90% dos transexuais estão fora do mercado formal de trabalho em Sergipe

 ‘Falta de apoio familiar, pouco estudo e preconceito prejudicam o alcance de uma qualificação’, diz especialista.

Por Joelma Gonçalves do G1

Falta de estudo e preconceito dificultam a entrada de transexuais no mercado de trabalho (Foto: Joelma Gonçalves/G1)

A pesar de toda a informação e combate ao preconceito realizado dentro da sociedade, o número de acesso de transexuais ao mercado de trabalho é quase inexistente. De acordo com a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (Rede Trans Brasil), cerca 90% estão fora do mercado formal em Sergipe. A falta de apoio familiar, possibilidade de estudar e o preconceito social estão entre os fatores que continuam a apontar a prostituição como uma opção e até a única possibilidade de sustento para o transexual.

A presidente Rede Trans Brasil, da ONG Astra (Aracaju) e conselheira do Conselho Nacional de Combate a Discriminação LGBT (CNCD/LGBT), Tathiane Araújo, destaca a falta de políticas públicas em relação ao assunto e a necessidade de um esforço da sociedade para que travestis e transexuais sejam respeitados.

“Para essas pessoas são negados todos os seus direitos, inclusive o da educação”, diz a presidente da Rede Trans Brasil , Tathiane Araújo

“É preciso desconstruir o imaginário em relação ao preconceito. Para essas pessoas são negados todos os seus direitos, inclusive o da educação. Por falta de condições financeiras e do próprio preconceito, a grande maioria abandona os estudos. Atualmente 90% dos transexuais estão fora do mercado de trabalho em Sergipe, uma realidade que é compartilhada com outros estados do Brasil”, alerta Tathiane Araújo.

Leia mais em: https://www.geledes.org.br/90-dos-transexuais-estao-fora-mercado-formal-de-trabalho-em-sergipe/#gs.WDf94K0

Não é de hoje que os homens se sobressem no mercado de trabalho. Enfrentamos diversas desigualdades e preconceitos dentro e fora dele além da desigualdade de gêneros binários, no qual já é muito discutido. Estamos enfrentando a falta de transexuais no mercado de trabalho. Pessoas que perdem suas oportunidades antes mesmo de se formarem na escola. Uma pessoa transexual tem que passar por diversos desafios antes de ser aceita na sociedade; primeiro tem que conseguir apoio da família, o que em muitos casos não acontece e faz o/a trans sair de casa, já prejudicando sua educação, e depois, tem que conseguir enfrentar o preconceito dentro da escola, fato que faz muitas já desistirem dos estudos. Quando finalmente chegam ao mercado de trabalho não são aceitas pela falta de qualificação. Mas será que é só a falta de qualificação que faz com que os/as trans não consigam um emprego de qualidade? Começa pelo fato de que eles/elas não conseguem uma boa qualificação por causa do preconceito da família, da escola e da sociedade em geral. E, quando conseguem, ao chegar no mercado de trabalho, são vistas com um olhar diferente e dificilmente serão prioridades em uma empresa. Faltam pessoas que tenham respeito, empatia e solidariedade para acolher quem sofre qualquer tipo de preconceito. O dia em que valores como esses estiverem presente na nossa educação e na nossa sociedade, talvez não tenha um mercado de trabalho tão desigual.

Abaixo, alguns relatos de transexuais no Brasil:

“Nenhuma empresa quer um travesti em seu quadro de funcionários. Mas elas precisam trabalhar a diversidade dentro desse ambiente. Luto contra esse rótulo de só podemos se uma coisa ou outra. O lugar de travesti é em qualquer lugar que quiser”

“Moro na cracolândia, estou devendo uma fortuna, cheguei a passar fome. Sou branca e vim da classe média, tenho ensino superior. Eu tive privilégios, mas olhe minhas escolhas…”

“A juventude trans morre muito cedo porque, quando a gente é expulsa de casa, a gente vai parar na rua.”

“Nos negam acesso ao trabalho, à saúde, à segurança, à educação. É como se não existíssemos. Mas estamos aqui.”

 

Isadora Barreto

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